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Dia mundial da Tartaruga: Destinos onde o turismo e a preservação caminham juntos

O Dia Mundial da Tartaruga, celebrado em 23 de maio, é uma data voltada para a conscientização sobre a preservação das tartarugas marinhas e terrestres, bem como de seus habitats naturais. Em um país como o Brasil — reconhecido mundialmente por sua biodiversidade exuberante — essa celebração ganha um significado ainda mais especial. Afinal, nossas praias, florestas e mares abrigam espécies únicas e desempenham um papel crucial na conservação global.

Neste cenário, o turismo brasileiro tem se mostrado um poderoso aliado da preservação ambiental. Ao integrar comunidades, ciência e visitantes em prol de um mesmo objetivo, o Brasil demonstra que é possível conciliar desenvolvimento turístico com conservação da natureza, fazendo do turismo uma ferramenta de educação ambiental e de valorização do patrimônio natural.


O Brasil e sua biodiversidade marinha

O Brasil possui uma das maiores extensões costeiras do mundo, com mais de 7.000 km de litoral. Essa imensa faixa litorânea abriga ecossistemas diversos, como recifes de corais, manguezais, estuários e praias arenosas — locais ideais para a desova de cinco das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no planeta: a tartaruga-verde (Chelonia mydas), a cabeçuda (Caretta caretta), a de pente (Eretmochelys imbricata), a oliva (Lepidochelys olivacea) e a gigante-de-couro (Dermochelys coriacea).

Esses animais, que existem há mais de 100 milhões de anos, desempenham funções ecológicas importantes. A tartaruga-verde, por exemplo, ajuda a manter os leitos de grama marinha saudáveis, enquanto a de pente controla a população de esponjas nos recifes de corais. Contudo, todas essas espécies estão ameaçadas de extinção por fatores como pesca predatória, poluição marinha (principalmente o plástico), destruição de habitats costeiros e mudanças climáticas.


Projeto Tamar: conservação que inspira

Um dos maiores exemplos de como o Brasil alia turismo e conservação é o Projeto Tamar, criado em 1980 com o objetivo de proteger as tartarugas marinhas e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades costeiras. Hoje, o Tamar atua em mais de 25 localidades, em nove estados brasileiros, monitorando milhares de ninhos e contribuindo para o aumento significativo das populações de tartarugas marinhas.

Os centros de visitantes do Tamar — localizados em destinos turísticos como Praia do Forte (BA), Fernando de Noronha (PE) e Ubatuba (SP) — recebem milhões de turistas todos os anos. Nesses espaços, os visitantes podem acompanhar o nascimento de filhotes, aprender sobre o ciclo de vida das tartarugas e entender os impactos ambientais causados pela ação humana.

Mais do que pontos turísticos, esses centros são espaços de educação ambiental e engajamento social, onde o turismo serve como fonte de financiamento para as atividades de conservação e também de geração de renda para as comunidades locais.


Comunidades envolvidas, natureza protegida

Um dos grandes diferenciais do modelo de turismo sustentável praticado em projetos como o Tamar é a integração das comunidades locais. Em diversas regiões, antigos pescadores e caçadores de tartarugas tornaram-se defensores da conservação, atuando como monitores ambientais, guias turísticos ou artesãos. Assim, além de proteger a fauna, o turismo sustentável promove inclusão social, geração de emprego e valorização da cultura local.

Essa mudança de mentalidade mostra que, quando as comunidades percebem valor econômico e social na conservação, tornam-se protagonistas no cuidado com o meio ambiente. E o visitante, por sua vez, torna-se parte ativa dessa rede, escolhendo experiências que respeitam e valorizam a natureza.


Destinos onde o turismo e a preservação caminham juntos

Fernando de Noronha (PE)

Considerado um dos mais belos arquipélagos do mundo, Fernando de Noronha é um exemplo emblemático de turismo controlado e sustentável. Com o limitado a visitantes e regras rigorosas de preservação, a ilha é área de reprodução de tartarugas-verdes, golfinhos e diversas espécies de aves marinhas. O ingresso de visitantes está sujeito a taxas ambientais, cuja arrecadação é revertida para ações de monitoramento e proteção dos ecossistemas locais.

Praia do Forte (BA)

Localizada no litoral norte da Bahia, a Praia do Forte é um dos principais polos do Projeto Tamar. Ali, além de conhecer o centro de visitantes, os turistas podem participar de solturas de filhotes, assistir palestras educativas e adquirir produtos sustentáveis criados por moradores locais. O destino é um modelo de ecoturismo responsável, que alia conforto e natureza.

Abrolhos (BA)

O Parque Nacional Marinho de Abrolhos é um santuário de biodiversidade. Com águas cristalinas, recifes de corais e uma impressionante vida marinha, é ponto de observação de tartarugas, raias, golfinhos e baleias-jubarte. O turismo na região é fortemente regulado, e os operadores precisam seguir protocolos de conduta rígidos para minimizar o impacto ambiental.


Desafios e caminhos futuros

Apesar dos avanços, os desafios para a conservação das tartarugas e da biodiversidade marinha brasileira ainda são muitos. O aquecimento global está alterando o sexo dos filhotes — determinado pela temperatura da areia —, além de afetar correntes marinhas essenciais para os ciclos migratórios. A poluição plástica é outro problema grave: estima-se que uma tartaruga em cada três tenha ingerido plástico nos oceanos.

Para enfrentar esses desafios, é essencial fortalecer políticas públicas, ampliar investimentos em pesquisa e fiscalização e, acima de tudo, promover uma educação ambiental eficaz que envolva turistas, empresários e moradores locais.


Celebrar e preservar

O Dia Mundial da Tartaruga não é apenas uma homenagem a essas criaturas fascinantes — é também um chamado à ação. É um lembrete de que preservar não é apenas uma escolha ética, mas uma necessidade urgente para garantir o equilíbrio dos ecossistemas e o futuro das próximas gerações.

O Brasil tem mostrado que é possível unir turismo e conservação com resultados concretos. E cada turista que escolhe um destino sustentável, que respeita a natureza e apoia projetos como o Tamar, torna-se parte dessa transformação.

Afinal, o Brasil que encanta o mundo com suas belezas naturais também é o Brasil que cuida, protege e celebra a vida em todas as suas formas.

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