Brasil n�o sabe vender sua imagem ao mundo cg1f

Bonito-MS - Interior do abismo Anhumas - Foto: Caio Vilela

O Brasil o segundo entre 133 pases do mundo em recursos e belezas naturais e o 14 em bens culturais, mas no figura entre os 50 pases mais visitados do planeta, de acordo coma revista Travel Leisure. 5x1d6w

A Espanha recebeu, no ms de julho, dez milhes e meio de turistas, quase o dobro do que o Brasil recebeu em 2016, com um territrio 15 vezes maior do que o pas europeu. O Governo brasileiro parece pronto a vender at a Amaznia para fazer frente ao enorme dficit pblico e, no entanto, no sabe lanar sua imagem no exterior para atrair o turismo internacional. Entre os 181 milhes de turistas que visitam anualmente o continente americano, apenas seis milhes e meio chegam ao Brasil, contra 23 milhes no Mxico. Enquanto a cidade maravilhosa do Rio recebe pouco mais de um milho de estrangeiros, algumas cidades europeias como Veneza, Barcelona, Londres ou Paris, ou latino-americanas como Buenos Aires ou a Cidade do Mxico, superam em nmero de turistas todo o Brasil.

O Brasil o segundo entre 133 pases do mundo em recursos e belezas naturais e o 14 em bens culturais, mas no figura entre os 50 pases mais visitados do planeta, de acordo coma revista Travel Leisure. Nem a Copa do Mundo e as Olimpadas foram suficientes para consolidar o turismo em um pas que um continente. Enquanto o Governo est vendendo boa parte das empresas nacionais, no capaz de transformar o turismo nessa grande indstria que representa 10% do PIB mundial. Um em cada 11 empregos no mundo criado pelo turismo, que ou de 25 milhes em 1950 para 1,1 bilho em 2014.

Pases como Espanha, Frana ou Reino Unido chegam a receber at dez vezes mais turistas do que o Brasil, que tem um territrio do tamanho da Europa e refgios naturais e culturais nicos no mundo. Deve-se perguntar o que impede o Brasil de ter uma indstria do turismo que poderia criar milhes de empregos e aumentar o PIB nacional. No Ministrio do Turismo, acreditam que o motivo da escassez de visitantes internacionais se deve fama de pas violento que se criou. Se fosse assim, pases igualmente violentos ou mais, como Mxico, Turquia ou Egito, tambm teriam escassez de turistas, quando a verdade que eles continuam a receber mais visitantes do que o Brasil. Na Europa, apesar dos atentados terroristas, o turismo cresceu 4%, e j se pensa em limitar esse fluxo em cidades como Veneza ou Barcelona.

No seria porque os governos no Brasil, ocupados com a pequena poltica e em proteger seus privilgios, nunca levaram a srio que o turismo internacional poderia ser uma fonte de riqueza nacional? As receitas da indstria do turismo no mundo ultraam as do petrleo, dos alimentos ou a gerada pela indstria automobilstica. Na Espanha, um em cada sete empregos criado pelo turismo. Quando em Paris, devido aos atentados terroristas, o turismo caiu 4%, as autoridades municipais tomaram 59 medidas para promov-lo. E voltou a crescer. Quantas medidas e de qual eficcia o Governo brasileiro adota para promover o turismo estancado h anos? Aparentemente, a maioria dos poucos turistas que chega o faz incitada por amigos que estiveram aqui e que voltaram entusiasmados, tanto por suas belezas quanto pelo calor humano de sua gente. Muito pouco para vender o gigante brasileiro.

A realidade que, com 8 mil quilmetros de praia virgem, um sonho para os europeus, no Brasil falta tudo para que o turismo se torne uma indstria capaz de criar riqueza. Faltam infraestruturas como estradas, trens, linhas areas, redes hoteleiras e gastronmicas com um leque de possibilidades para todos os bolsos. Hoje, chega-se a dizer que no Brasil os ricos viajam dentro do pas e aqueles que no podem se permitir esse luxo se conformam com ir aos Estados Unidos ou Europa, onde os preos, por absurdo que parea, so menores e onde so oferecidas possibilidades la carte, para todos os gostos e condies financeiras. O turismo internacional continua sendo, como a educao, a sade ou a segurana pblica, um assunto pendente que pouco parece interessar os polticos brasileiros.

Fonte: Jornal EL PAS